Conceito da Psicologia Analítica Junguiana (3): Processo de Individuação

O ser humano precisa da interação com outro para desenvolver-se e sobreviver. Mas nesse desenvolvimento aprendemos conceitos, modelos, visão de como devemos ser. No entanto, cada um de nós precisa sair da coletividade e trilhar um caminho único, que é só seu, em direção de tornar-se quem se é. Esse processo contínuo é chamado de Processo de Individuação.

O papel da família e da cultura no desenvolvimento do ser humano

Crescemos em um contexto familiar, social, cultural que nos nutri com ideias de como as pessoas devem pensar, se comportar, reagir, agir, ser... tudo isso de forma expressa, mas também inconsciente, e assim contribui (mas não define) nossa personalidade, nossa persona, aciona gatilhos emocionais, sentimentos e também a maneira como lidamos com o mundo externo e interno.

Na infância somos influenciados pelo inconsciente dos pais, na adolescência ocorre a separação do inconsciente dos pais e a vida impõe novas questões comuns à adolescência.

Aqui surge geralmente os grandes conflitos, tentando se conhecer, reconhecer diante de todos esses contextos e ainda se apropriar da própria vida. Não exatamente o que esperam de nós, mas quem somos realmente. São os primeiros confrontos da vida.

Profissão, estudo, trabalho, amizades e relacionamento amoroso nos desafiam. São exatamente os relacionamentos que exigem das pessoas uma reflexão sobre si-mesmo. É onde temos a chance de nos conhecer, não pela opinião dos outros sobre nós, mas o que podemos aprender sobre como nos colocamos nesses relacionamentos, postura, atitudes, sentimentos, limitações, carências, ciúmes, expectativas, projeções e perceber quando nossos complexos estão vivendo por nós.

O processo de individuação acontece por toda a vida, desde que façamos a nossa parte, é um trabalho difícil, mas necessário. Nesse caminho vamos desagradar muitas pessoas e as vezes até provocar sentimentos incômodos em nós mesmos, afinal não é o que esperam de nós. Mas é necessário para crescer, desenvolver, evoluir e individuar-se.

Podemos fazer esse caminho único sozinhos sem auxílio da psicoterapia?

Alguns passos certamente podem ser dados, mas muitas vezes só conseguimos enxergar alguns ângulos de nós mesmos, não os diversos ângulos. O papel do psicólogo é auxiliar a enxergar esses ângulos desconhecidos, bem como na elaboração e compreensão desses aspectos. Revisitar a história de vida é necessário para separar o que é meu e o que é do outro.

Viver uma vida plena passa necessariamente em percorrer o caminho do processo de individuação o que proporciona um sentimento de inteireza e plenitude. A psicoterapia Junguiana é um farol na escuridão das dificuldades que todos enfrentamos e nos enredamos ao longo da vida.