Por que sentimos medo e ansiedade?

O medo é uma emoção que todos sentimos e diferentes situações. Você já percebeu quantas expressões usamos para verbalizar o medo usar a palavra medo?Nó na garganta, frio no estomago, as pernas tremeram, perdi a força nas perdas, soco no estomago.

Isso não é por acaso. Muitas vezes não percebemos que estamos com medo, mas o corpo percebe e sente. Nós queremos evitar contatar com essa emoção que nos conduz a lugares que queremos evitar. Afinal, não é agradável olhar para o que causa dor, não é mesmo? Para isso criamos estratégias para não olhar para o medo.

Aqui entra os mecanismos de defesas ou mecanismos de enfrentamento do medo, pois como poderemos ver a seguir, existe um leque grande que nossa psique utiliza para fugir do medo.

De que forma os mecanismos de enfretamento do medo agem?

Distanciamento e racionalização: é uma estratégia que pode ser interessante num primeiro momento para lidar com as sensações no corpo, em que é necessário parar, respirar, se distanciar para entender o que o corpo está alertando. Mas fazer somente isso não é o ideal, pois precisamos entender a serviço do que está esse medo que foi percebido pelo corpo e que ainda a pessoa desconhece e não reconhece o medo ou o porquê.

Projeção: medo que ainda se esconde, que não tem forma, imagem, consciência, mas diante de uma situação pode ser um gatilho para projetar esse medo inconsciente em outra pessoa, assim consegue diminuir o medo e lidar com a situação. Transfere o problema para a outra pessoa e não reconhece que a origem está em si mesmo. Novamente, enfrenta o medo, mas não procura entender o que esse medo está querendo dizer.

Desvalorização: temor da crítica que gera vergonha, culpa a pessoa pode criar justificativas inconscientes para não enfrentar esse medo de desvalorizar a pessoa que fez ou faria alguma crítica.

Qual o problema que os mecanismos de enfretamento podem gerar?

Quando a pessoa usa esses mecanismos de forma constante, sem buscar entender qual o sentido do medo para ela corre o risco de desenvolver transtornos de Ansiedade, que seria a soma de todos os medos não vistos, pois tudo que é unilateral (defender-se somente) cobra um preço um dia, e o preço de não olhar o medo geralmente se transforma em Ansiedade e Depressão. Na verdade, toda história de transtornos mentais tem uma ligação com o enfretamento do medo.

Atenção, se você tem um transtorno mental quero deixar claro que isso não é "culpa" sua! Não foi negligência sua que o fez chegar nesse sintoma. De forma alguma! Estou elucidando que essa é uma das maneiras de expressão do medo nos seres humanos e poderá acontecer com qualquer pessoa. OK?!

Como identificar o medo?

- Perceber como nosso corpo reage em nas diferentes situações. Observar em quais contextos isso acontece.

- Observar quando e como desvalorizamos algo ou alguém.

- Observar quando nos justificamos, mesmo que exista dados realísticos, diante de situações ou pessoas.

O que fazer com o medo?

Esses são caminhos iniciais para ver por onde anda seu mecanismo de enfretamento do medo. Como apontado no texto, os medos somados serão apresentados em sintomas de sofrimento psíquico e todos sabemos que saúde mental e algo precisa ser cuidado.

Então, se for possível ter acompanhamento de um psicólogo para auxiliar esse reconhecimento do sentido do medo na vida da pessoa é uma oportunidade importante para autoconhecimento e transformação desses medos, além de ser um aprendizado para que futuramente você possa fazer isso sozinho e pedir ajuda se for necessário.

Preciso registrar nessa escrita o quanto as técnicas expressivas, a Arteterapia, são um excelente recurso associado a Psicoterapia para a elaboração do sentido do medo. Isso merce uma outra escrita.

Fonte:

Kast, Verena. O sentido do medo: como os medos se instalam e como eles podem ser transformados. Editora Vozes: Petrópolis ,2023.